Estratégia resiste à pressão de baixa: por que a liquidação forçada é improvável em meio à queda do Bitcoin

Estratégia resiste à pressão de baixa: por que a liquidação forçada é improvável em meio à queda do Bitcoin

O preço do Bitcoin gira em torno de US$ 82.000 devido às políticas tarifárias de Donald Trump, levantando questões sobre a Strategy e seu portfólio de US$ 40.000 bilhões na criptomoeda. 

O Bitcoin está enfrentando seu primeiro mercado de baixa significativo em 2025, com um declínio de 20% nas últimas semanas, colocando seu preço próximo a US$ 82.000 atualmente. A retração, em grande parte ligada às tensões comerciais alimentadas pelas tarifas do governo Trump sobre o México, Canadá e outros parceiros econômicos, reacendeu as preocupações sobre empresas altamente expostas às criptomoedas. 

A Strategy, liderada pelo renomado Bitcoiner Michael Saylor, atualmente tem US$ 41.000 bilhões em BTC, apoiado por US$ 8.200 bilhões em dívida.

A publicação de análise financeira The Kobeissi Letter examinou esta semana os riscos de uma possível liquidação forçada da empresa se o preço do Bitcoin continuasse a cair. 

Embora alguns investidores tenham questionado a estabilidade da Strategy diante da volatilidade do mercado de criptomoedas, o relatório conclui que os instrumentos de dívida utilizados, os prazos de vencimento e a estrutura acionária a tornam um cenário catastrófico é improvável no curto prazo. De acordo com os dados, mesmo que o preço do Bitcoin caísse para US$ 42.000, o que seria pelo menos metade do seu valor atual, a empresa não enfrentaria pressão de liquidação imediata.

Estrutura de dívida da Strategy: títulos conversíveis e principais termos

A Strategy financiou grande parte de suas compras de Bitcoin emitindo títulos conversíveis, um instrumento de dívida que permite aos detentores converter seus investimentos em ações da empresa sob condições pré-determinadas. De acordo com o The Kobeissi Letter, 80% de sua dívida total, cerca de US$ 6.500 bilhões, está nesses títulos, com vencimento entre 2027 e 2032.

O mais importante é que os preços de conversão desses títulos, que é o valor pelo qual eles podem ser convertidos em ações, estão significativamente abaixo do preço atual das ações da Strategy, em torno de US$ 240. Segundo a publicação, esta situação cria um incentivo para que os detentores optem pela conversão em vez de exigir o resgate em dinheiro, e isso continuará acontecendo enquanto o preço das ações permanecer estável. Além disso, os vencimentos distantes, sendo o mais próximo em 2027, dão à empresa uma margem de tempo para administrar sua dívida sem urgência.

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A proporção entre a dívida total e o valor do seu portfólio de Bitcoin também desempenha um papel fundamental. Com uma alavancagem de 19%, A Strategy teria que enfrentar uma queda do Bitcoin de mais de 50% para que suas reservas não cobrissem mais suas obrigações, cenário considerado extremo mesmo no atual contexto de baixa.

Preço do Bitcoin (BTC) no último mês.
Preço do Bitcoin (BTC) no último mês.
Fonte: CoinMarketCap

A Carta de Kobeissi fala sobre “mudança fundamental”

A publicação explicou que os contratos de crédito da Strategy incluem cláusulas que só desencadeariam uma liquidação forçada no caso de uma "mudança fundamental" na empresa, como falência, dissolução ou venda majoritária de ativos. A Carta Kobeissi observou que tais eventos exigem aprovação prévia dos acionistas, um processo que envolve votação e prazos burocráticos.

Além disso, não se deve esquecer que Michael Saylor, o fundador da empresa, controla 46,8% dos votos das ações. Essa concentração de poder dificulta qualquer movimento contrário à sua estratégia de manter Bitcoin a longo prazo. Mesmo num cenário em que outros acionistas pressionassem por uma separação, Saylor poderia facilmente bloqueá-la, comentou a publicação. 

“Michael Saylor foi questionado recentemente sobre o acordo.

A resposta deles foi que mesmo que o Bitcoin caísse para US$ 1, eles ainda não seriam liquidados.”

Essas condições contrastam com casos históricos de liquidações no setor, onde empresas com dívidas de curto prazo ou cláusulas de garantia rígidas sucumbiram a quedas bruscas. Em contraste, na Strategy, a combinação de horizontes de longo prazo e estruturas de ações protetoras atua como uma proteção contra a volatilidade do mercado.

Quais são os riscos e impactos contínuos de um mercado em baixa prolongado?

Embora uma liquidação imediata pareça improvável, a Carta de Kobeissi alerta que um cenário de preços baixos sustentados pode afetar a capacidade da Strategy de atrair novo capital. A empresa tem contado com emissões de ações e dívidas para financiar suas compras de Bitcoin, uma estratégia viável em mercados em alta, mas que pode ser vulnerável em mercados em baixa. 

Se o Bitcoin permanecer abaixo de US$ 60.000 por vários trimestres, os investidores poderão questionar a lucratividade do modelo de negócios da empresa, o que pode dificultar futuras rodadas de financiamento. No entanto, a publicação também enfatizou que o apoio institucional ao Bitcoin, que é evidente nos fluxos para fundos negociados em bolsa, como ETFs negociados nos Estados Unidos, e as políticas pró-criptomoedas do governo Trump, podem mitigar significativamente esse risco.

Além disso, o declínio atual do Bitcoin é atribuído mais a fatores macroeconômicos, como tarifas e inflação, do que a falhas intrínsecas na criptomoeda ou em sua tecnologia subjacente, razão pela qual vários analistas preveem uma recuperação de preço assim que as tensões geopolíticas se estabilizarem.

Concluindo, embora a Strategy possa enfrentar um ambiente complexo com a queda do preço do Bitcoin, seus mecanismos financeiros e legais reduzem drasticamente o risco de liquidação. Sua estrutura de dívida, datas de vencimento e o controle acionário de Michael Saylor atuam como barreiras contra pressões imediatas.

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