Após testes públicos em Shenzhen, o governo da China implementará uma nova loteria na província de Suzhou para testar novas funcionalidades de seu DCEP, a moeda digital CBDC do país.
O mês de dezembro já começou e com ele se aproxima o dia de um dos mais famosos festivais de compras celebrados pela República Popular da China, o “Double 12” ou Festival de Casais, evento que atrai milhões de compradores, e em quais as empresas aproveitam a oportunidade para vender massivamente os seus produtos. Também para o governo é o momento perfeito para reintroduzir a sua DCEP, a moeda digital desenvolvida pelo PboC, o Banco Central da China.
A República Popular da China, uma das maiores potências do mundo, desenvolve o seu projeto de moeda digital há mais de 6 anos CBDC e, embora tenha desenvolvido vários testes internos para determinar a viabilidade da moeda, desde este ano iniciou testes públicos onde milhares de cidadãos utilizam a moeda digital em casos de utilização reais, que permitem ao banco avaliar o desempenho e a viabilidade da utilização desta moeda digital entre sua população.
Em meados de outubro, o PboC realizou o primeiro teste público da sua moeda digital, distribuindo mais de 10 milhões de yuans digitais a 50.000 cidadãos na província de Shenzhen. Agora o segundo teste público do DCEP será mais ambicioso, segundo anúncio do banco central. A entidade confirmou que neste dia 12 de dezembro, com a chegada do festival Double 12, um total de 100.000 cidadãos da província de Suzhou receberão 200 yuans digitais na forma de pacotes vermelhos que podem ser habilitados e utilizados para fazer compras em lojas autorizadas para o teste. Mas isso não é tudo, PboC também testará novos recursos para DCEP, como pagamentos offline e a função “touch”, que não foram implementadas durante o teste realizado em Shenzhen.
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Expandindo os testes para o yuan digital
O relatório divulgado pela província de Shenzhen sobre o primeiro teste público do DCEP revela resultados bem-sucedidos no uso da moeda digital. Mais de 95% da população beneficiária naquela época usava seu pacote vermelho digital, que também continha 200 yuans digitais, equivalente a cerca de US$ 30.
Agora, uma iniciativa semelhante será realizada na província de Suzhou, mas desta vez duplicando o número de cidadãos beneficiados e implementando funções adicionais para a moeda digital. Desta forma, a entidade central da China testará novas capacidades para a sua moeda DCEP, que se assemelham e superam as transações e pagamentos em moeda fiduciária e outras aplicações.
Transações com “apenas tocando no seu smartphone”
Neste novo teste público para o DCEP, o PboC permitiu transações offline, que permitem aos cidadãos efetuar pagamentos efetivos sem necessitar de ligação à Internet.
Da mesma forma, o PboC ativou uma segunda função para sua moeda digital, a função de toque ou “toque para pagar”. Como o próprio nome indica, com esta função os cidadãos poderão efetuar pagamentos e transações monetárias entre si instantaneamente, bastando tocar nos seus smartphones, facilitando a utilização do yuan digital para além das lojas físicas e ligando-se a uma rede.
As empresas na província de Suzhou já estão se preparando para receber uma onda massiva de cidadãos que usarão o DCEP no dia 12 de dezembro. Atualmente, quase todas as empresas e lojas da província instalaram dispositivos de pagamento e pontos de venda com tecnologia de comunicação Near-field (comunicação de campo próximo) e Leitores de código QR, o que permitirá aos cidadãos utilizar o seu yuan digital e à entidade testar as novas funções mencionadas para o DCEP.
Além disso, JD.com se torna a primeira plataforma digital a aceitar pagamentos com o DCEP, para que os cidadãos que preferirem possam fazer as suas compras através desta plataforma online.
Os 100.000 mil cidadãos que receberão os pacotes vermelhos digitais do Banco Central serão escolhidos aleatoriamente, à semelhança do processo realizado em Shenzhen, onde os beneficiários foram escolhidos entre os residentes da província que se registaram na plataforma digital de serviços públicos da entidade, com base. em tecnologia blockchain.
China, na vanguarda da inovação
Há vários anos, o país asiático é uma superpotência tecnológica global que abriga vários dos gigantes e líderes desta indústria, como Huawei y Didi Chuxing, que também participam do desenvolvimento do DCEP do país. E embora a China tenha uma posição global reconhecida, o país procura continuar a liderar o sector tecnológico em vários eixos como a Inteligência Artificial (IA), as redes 5G e o Blockchain, além de transcender para outros sectores, como os sectores económico e financeiro.
As tensões políticas e comerciais entre a China e os Estados Unidos levam a nação a continuar a sua busca pela liderança global, e o DCEP tornou-se uma ferramenta essencial para atingir este objectivo. Através desta moeda, a nação asiática pretende quebrar a hegemonia do dólar americano, que continua a ser a principal moeda de reserva a nível mundial.
Conforme indicado pelo vice-presidente do Centro Chinês para Intercâmbio Econômico Internacional (CCIEE), Huang Qifan, o desenvolvimento do DCEP não só responde à necessidade de digitalizar a moeda fiduciária do país, mas também de proporcionar valor à sociedade através de uma moeda digital que tenha o potencial de “substituir a moeda de reserva”. As declarações de Qifan revelam que a intenção do Banco Central da China e do governo é internacionalizar a sua moeda e enfrentar o actual domínio do dólar americano.
Expandindo o panorama
A nação asiática é a mais avançada, neste momento, no desenvolvimento de uma moeda digital CBDC em todo o mundo, e está começando a fazer outras implementações e casos de uso com esta moeda digital para compreender o seu potencial. Por exemplo, durante o fim de semana o chefe executivo da Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA), Eddie Yue, revelado que a Autoridade está a manter discussões com o PboC para realizar um teste piloto técnico que permitiria à República e à região administrativa de Hong Kong utilizar o DCEP em transações comerciais transfronteiriças.
Por outro lado, Singapura também mantém uma aliança com a China para integrar a rede blockchain BSN (Rede de Serviços Blockchain) da China para a rede Blockchain para comércio e conectividade (BTC), que foi anunciado recentemente pela Enterprise Singapore (ESG) em conjunto com a Universidade de Ciências Sociais de Singapura (SUSS).
A rede BTC, não confundir com sistema ou criptomoeda Bitcoin (BTC), é uma nova rede blockchain projetada para otimizar o comércio e a conectividade entre diversas redes blockchain e outras tecnologias, que busca garantir cadeias de abastecimento muito mais confiáveis e seguras, fortalecendo a confiança em Cingapura como um centro comercial global. Esta iniciativa é acompanhada pela BSN da China, juntamente com outras redes, como a Global Electronic Commerce Services (GeTS) e a blockchain de empresas públicas VeChain.
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