
O hack da Bybit, que resultou no roubo de US$ 1.400 bilhão em Ethereum, não pode ser simplesmente revertido, como alguns na comunidade de criptomoedas alegaram.
Samson Mow e alguns outros membros da comunidade de criptomoedas sugeriram que o Ethereum poderia reverter as transações nas quais cerca de US$ 1.400 bilhão foi roubado de uma das carteiras frias da Bybit, semelhante ao que foi feito em 2016 após o hack do The DAO, que deu origem ao Ethereum Classic.
No entanto, Tim Beiko, desenvolvedor líder da Fundação Ethereum, descartou essa possibilidade, argumentando que ela é tecnicamente complexa e pode ter consequências negativas para a rede.
Enquanto isso, a Bybit implementou medidas para mitigar o impacto, como um programa de recompensas para recuperar fundos roubados e colaborações com especialistas em segurança na tentativa de recuperar fundos perdidos.
Por que a reversão de transações não é viável no Ethereum?
A sugestão de reverter transações do hack da Bybit é baseada em um precedente histórico: o hack da DAO em 2016, que resultou na criação do Ethereum Classic. No entanto, Tim Beiko e outros desenvolvedores explicaram que as circunstâncias atuais são muito diferentes.
No caso do The DAO, a situação era única, explicou Beiko, porque o The DAO, o protocolo que foi explorado pelo hacker, havia implementado uma medida de segurança que impedia que saques de fundos fossem feitos. congelado por um mês, o que deu tempo suficiente para que os desenvolvedores e a comunidade chegassem a um acordo e, eventualmente, revertessem a cadeia.
No entanto, no caso da Bybit, a situação é bem diferente, pois não houve nenhuma falha na rede Ethereum ou na carteira multiassinatura utilizada pela exchange. Beiko detalhou que era “uma interface comprometida que fazia parecer que uma transação estava fazendo uma coisa enquanto na verdade estava fazendo outra”, observando que, da perspectiva do protocolo Ethereum, “não há nada que distinga essa transação de outras transações legítimas na rede”. Ele disse que não há nenhuma regra de protocolo que tenha sido quebrada e que corrigir o problema permitiria isolar os fundos roubados, tornando-a uma solução praticamente inviável.
Além disso, Beiko observou que, no caso do The DAO, a comunidade chegou a um consenso quase unânime para realizar um hard fork que reverteria as transações afetadas. No entanto, hoje, o Ethereum é uma rede muito maior e mais descentralizada, com milhões de usuários e uma economia mais diversificada, então, se uma reversão em massa de transações fosse tecnicamente viável, seria necessário um consenso semelhante, algo que seria praticamente impossível dada a escala da rede.
CONVIDE E GANHE“O ecossistema Ethereum é muito diferente hoje do que era em 2016. DeFi e pontes para outras cadeias significam que fundos roubados podem ser facilmente misturados em uma rede de aplicativos”, ele explicou, observando que isso violaria os princípios básicos do Ethereum, como sua segurança e natureza imutável e descentralizada.
Essa posição foi apoiada por outros membros da comunidade, que argumentam que abrir a porta para a reversão de transações estabeleceria um precedente perigoso. Algumas pessoas até comentaram que se o Ethereum começasse a alterar transações por motivos específicos, ele perderia sua neutralidade e se tornaria vulnerável à pressão política e econômica.
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As soluções que a Bybit está explorando para recuperar fundos
Embora uma reversão da transação não esteja em questão, a Bybit não ficou de braços cruzados. A empresa implementou diversas estratégias para recuperar os fundos roubados e mitigar o impacto do hack.
A primeira medida foi o lançamento de um programa de recompensas, por meio do qual até 10% dos fundos recuperados são oferecidos a hackers éticos e especialistas em segurança cibernética que ajudam a rastrear e recuperar ativos roubados. Este programa gerou muito interesse na comunidade, com diversas empresas de segurança cibernética e especialistas individuais se unindo aos esforços.
Além disso, a Bybit tem trabalhado em estreita colaboração com outras plataformas e projetos do setor, resultando na recuperação de US$ 43 milhões em ativos vinculados ao hack.
Por outro lado, embora essas medidas tenham sido aplaudidas pela comunidade cripto, para muitos esse hack serviu como um lembrete dos riscos associados ao armazenamento de grandes quantidades de criptomoedas em exchanges centralizadas.
O investimento em criptoativos não é totalmente regulamentado, pode não ser adequado para investidores de varejo devido à alta volatilidade e há risco de perder todos os valores investidos.