O banco mais antigo dos EUA quer revolucionar os pagamentos com blockchain e depósitos tokenizados.

O banco mais antigo dos EUA quer revolucionar os pagamentos com blockchain e depósitos tokenizados.

O BNY Mellon está explorando depósitos tokenizados para pagamentos em blockchain, buscando eficiência, liquidez e modernização para o setor financeiro.

O Bank of New York Mellon (BNY Mellon), a instituição financeira mais antiga dos Estados Unidos, com mais de 240 anos de história, está explorando um projeto que pode transformar a forma como os pagamentos globais se movimentam. De acordo com um relatório recente da Bloomberg, este banco está trabalhando no lançamento depósitos tokenizados, uma inovação que permitiria que seus clientes fizessem pagamentos diretamente em redes blockchain.

A magnitude desta iniciativa é difícil de ignorar. O BNY Mellon processa cerca de US$ 2,5 trilhões em pagamentos diários e salvaguarda quase US$ 55,8 trilhões em ativos sob gestão. Se integrar com sucesso o blockchain à sua infraestrutura, o impacto não será apenas interno, mas poderá redefinir os padrões de eficiência no sistema financeiro internacional.

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BNY Mellon explora o potencial de depósitos tokenizados

Os depósitos tokenizados funcionam como representações digitais dos depósitos bancários tradicionais. Na prática, são tokens digitais equivalentes ao dinheiro depositado em uma conta bancária, mas que circulam em uma rede blockchain com a mesma segurança dos fundos tradicionais. A principal diferença é a acelerar e a programabilidade que a tecnologia proporciona. Graças aos benefícios do blockchain, as transferências poderiam ser liquidadas em segundos, e os contratos inteligentes permitiriam a automação de operações de tesouraria que atualmente exigem processos manuais e custosos.

Carl Slabicki, chefe da plataforma de serviços de tesouraria do BNY Mellon, explicou na Entrevista com a Bloomberg que o objetivo é Superando as limitações da tecnologia legada e modernizando os pagamentos em tempo real, tanto nacionais quanto internacionais, com blockchain. 

A tokenização assume o controle do sistema bancário tradicional

O interesse do BNY Mellon na tecnologia blockchain faz parte de uma tendência mais ampla, com grandes instituições financeiras já experimentando soluções semelhantes. JPMorgan, por exemplo, lançou testes com JPMD, um token que representa depósitos em dólares na rede Base, enquanto HSBC introduziu um serviço de depósito tokenizado para clientes corporativos. Mesmo SWIFT, a rede global de pagamentos interbancários, anunciou integrou recentemente um livro-razão compartilhado baseado em blockchain em colaboração com a Consensys e mais de 30 instituições financeiras.

Além disso, o BNY Mellon já havia dado passos em direção à indústria de blockchain. O banco, juntamente com Goldman Sachs, jogou um sistema que permite aos clientes investir em fundos do mercado monetário com registros de propriedade armazenados no blockchain. A empresa também lançou sua plataforma no início deste ano. Insights sobre dados de ativos digitais, que transmite dados contábeis de fundos para o Ethereum por meio de contratos inteligentes, com o objetivo de melhorar a transparência e a precisão das informações.

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O projeto piloto de depósito tokenizado do banco busca demonstrar que os pagamentos podem ser liquidados em segundos, sem sair da proteção do sistema bancário regulamentado. Em um ambiente onde as transferências internacionais costumam levar dias e acumular taxas, a promessa de eficiência é clara. De acordo com a Deloitte, até 2030, uma em cada quatro transferências internacionais de grande valor poderá ser feita por meio de trilhos tokenizados, o que significaria uma economia anual de US$ 50.000 bilhões em comissões para empresas.

Por outro lado, o mercado já dá sinais de que a tokenização está se expandindo para além dos experimentos. Dados da plataforma RWAxyz revela que os títulos do Tesouro dos EUA tokenizados tiveram desempenho superior 8.000 milhões de dólares, um número que mostra como a liquidação em cadeia está começando a se consolidar em ativos financeiros de grande volume.

Mercado de títulos do Tesouro dos EUA tokenizados em blockchain.
fonte: RWAxyz

Eficiência versus estabilidade

A inovação que o BNY Mellon está explorando com depósitos tokenizados não está isenta de desafios. Por um lado, a Autoridade Bancária Europeia (EBA) publicou recentemente um relatório alertando para a necessidade de definir claramente o que são depósitos tokenizados no âmbito do quadro regulatório MiCAR, para evitar confusão com dinheiro eletrônico. A agência também alertou que a programabilidade desses depósitos poderia alterar o comportamento do cliente em tempos de crise, afetando a liquidez do sistema.

Da mesma forma, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concorda que a tokenização pode reduzir os riscos de liquidação ao incorporar confiança e programabilidade aos registros. No entanto, também alerta que a interconexão de múltiplas blockchains pode disseminar o contágio financeiro mais rapidamente em situações estressantes se a governança não evoluir no mesmo ritmo que a tecnologia.

Em meio a esses debates, o programa piloto do BNY Mellon está emergindo como referência tanto para reguladores quanto para bancos centrais. Sua experiência nos permitirá ver como a eficiência e a velocidade oferecidas pela tokenização em blockchain podem ser combinadas com as demandas de segurança e estabilidade dos mercados financeiros globais. O desafio, em última análise, não é apenas técnico ou regulatório, mas de equilíbrio: promover a inovação sem comprometer a confiança no sistema.

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Uma transição que começa no varejo

À medida que grandes bancos e corporações avançam com projetos-piloto de tokenização, alguns analistas argumentam que o verdadeiro impulso inicial pode vir de pequenos investidores. Max Gokhman, da Franklin Templeton, acredita que os fluxos de clientes individuais podem ser responsáveis ​​por fornecer a liquidez necessária nesta fase inicial, enquanto os investidores institucionais aguardam estruturas regulatórias mais definidas e mercados secundários mais aprofundados.

Experiências recentes com fundos negociados em bolsa (ETFs) e outros produtos tokenizados mostram que os usuários de varejo costumam ser os primeiros a adotar novas ferramentas financeiras digitais. Isso poderia acelerar a transição para um ecossistema onde depósitos tokenizados coexistem com os tradicionais, oferecendo aos clientes mais opções e aos bancos novas maneiras de competir em eficiência.

A iniciativa do BNY Mellon, portanto, vai muito além de um experimento tecnológico. É uma jogada estratégica em meio ao boom da tokenização de ativos do mundo real, que vão de títulos a imóveis. 

A Intercontinental Exchange (ICE), empresa controladora da Bolsa de Valores de Nova York, investiu recentemente na Polymarket para integrar dados de mercado em blockchain, um sinal claro de que as infraestruturas financeiras globais estão evoluindo para um ambiente cada vez mais digital e nativo desta tecnologia.

BNY Mellon avança em direção à banca tokenizada

Em suma, o projeto de depósito tokenizado do BNY Mellon reflete a convergência entre o sistema bancário tradicional e a inovação em blockchain. Com mais de dois séculos de história, a instituição busca demonstrar que é possível movimentar dinheiro tão rapidamente quanto as criptomoedas, mas com o respaldo e a credibilidade de um banco regulamentado.

Os benefícios potenciais são claros: pagamentos em tempo real, redução de custos e maior transparência. No entanto, os desafios tecnológicos e regulatórios continuam significativos. Supervisores internacionais estão se concentrando em como essas iniciativas podem transformar a infraestrutura financeira sem comprometer a estabilidade do sistema.

Se o programa piloto do BNY Mellon for bem-sucedido em sua expansão, poderá representar um marco na modernização dos pagamentos globais e abrir caminho para uma nova era na relação entre blockchain e serviços bancários. Como observou a Bloomberg, o experimento busca lançar as bases para uma infraestrutura capaz de sustentar o volume e a confiança exigidos pelo sistema financeiro global.

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