Etiópia fatura US$ 55 milhões vendendo energia para mineradores de Bitcoin: BBC relata

Etiópia fatura US$ 55 milhões vendendo energia para mineradores de Bitcoin: BBC relata

A BBC revelou como a Etiópia está monetizando seu excedente de energia hidrelétrica vendendo-a para mineradores de Bitcoin, gerando US$ 55 milhões e acelerando a eletrificação rural. A mineração de Bitcoin é apresentada como um modelo replicável para países com recursos energéticos subutilizados.

A Etiópia conseguiu transformar um recurso abundante, mas subutilizado — sua energia hidrelétrica — em uma fonte estratégica de receita. 

De acordo com uma reportagem recente da BBC, a empresa estatal Energia Elétrica Etíope (EEP) gerou US$ 55 milhões com a venda de eletricidade excedente para mineradoras de Bitcoin. Esse fenômeno, pouco explorado na cobertura tradicional de criptomoedas, posiciona a mineração de BTC não apenas como uma atividade computacionalmente intensiva, mas também como um catalisador para o desenvolvimento energético em países emergentes.

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A chave está em monetizar a energia que, de outra forma, não seria utilizada devido à falta de infraestrutura de distribuição. Em vez de exportá-la ou desperdiçá-la, a Etiópia a canaliza para operações de mineração que pagam por megawatt consumido. A renda obtida está sendo reinvestida na expansão da rede elétrica., especialmente em áreas rurais, onde mais de 60 milhões de pessoas ainda não têm acesso confiável à eletricidade. Além disso, a chegada de empresas estrangeiras está impulsionando a transferência de tecnologia e o treinamento local.

Este modelo baseado em criptomineração está levantando questões importantes para outros países com excedentes de energia: A mineração de Bitcoin pode se tornar uma ferramenta para o desenvolvimento econômico e infraestrutura crítica? A Etiópia parece estar traçando um rumo que muitos acompanharão de perto.

Mineração de Bitcoin como impulsionadora de receita de energia

Daniel Batten, especialista em investimentos e Bitcoin, tem sublinhado a importância da cobertura que a BBC deu a esta notícia na Etiópia, colocando o foco num fenómeno que tem passado despercebido no debate global sobre criptomoedas: a utilização da mineração de Bitcoin como mecanismo para monetizar o excedente de energia

Na Etiópia, a empresa estatal alocou 600 megawatts — aproximadamente 11% de sua capacidade instalada — para operações de mineração, aproveitando a energia gerada pela Grande Represa do Renascimento Etíope (GERD), um dos maiores projetos hidrelétricos da África.

Mineradores de BTC, atraídos por taxas competitivas, instalaram milhares de máquinas nos arredores de Adis Abeba e outras regiões estratégicas. De acordo com dados coletados, a Etiópia já representa cerca de 5% do hashrate global do Bitcoin, um número que cresceu rapidamente desde 2023. Empresas Vindos de várias partes do mundo, eles lideram essa expansão, com mais de 20 empresas registradas e 11 operando no país.

Para a EEP, o resultado foi uma fonte de receita inesperada, porém significativa, arrecadando US$ 55 milhões no último ano, segundo dados confirmados por porta-vozes da empresa. Esses recursos não apenas aliviam as finanças da estatal, como também abrem novas oportunidades de reinvestimento em infraestrutura elétrica. O próprio CEO da EEP declarou que a receita arrecadada está permitindo a expansão de sua infraestrutura energética, o que ajudará a atender às necessidades dos etíopes. 

Assim, em um país onde a demanda excede a capacidade de distribuição, a mineração de Bitcoin se torna um cliente estratégico, pagando por energia que, de outra forma, não seria utilizada.

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Eletrificação rural: o impacto tangível das receitas da mineração

Além da receita, o aspecto mais relevante do modelo etíope é seu impacto direto na expansão da rede elétrica. Ashebir Balcha, CEO da EEP, destacou que os recursos obtidos com a venda de energia para mineradores estão sendo canalizados para projetos de eletrificação rural, com prioridade em áreas onde o acesso à eletricidade é limitado ou inexistente.

Atualmente, mais de 57 milhões de etíopes — quase metade da população — vivem sem acesso confiável à eletricidade. A falta de infraestrutura de transmissão tem sido historicamente um dos principais obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do país. Nesse contexto, a mineração de Bitcoin não representa apenas uma fonte de renda, mas uma forma de financiar soluções estruturais.

A BBC destaca que parte dos recursos gerados está sendo usada para modernizar subestações, expandir linhas de transmissão e treinar pessoal técnico local. Essa abordagem permite que a mineração de criptomoedas, frequentemente criticada por seu alto consumo de energia, se torne uma aliada do desenvolvimento. A lógica é simples: se a energia não puder ser distribuída para residências devido à falta de infraestrutura, ela pode ser vendida para mineradores que pagam por ela, e essa receita pode financiar a expansão da rede.

Este ciclo virtuoso redefine o papel da mineração de Bitcoin nas economias emergentes. A Etiópia não está subsidiando a atividade; está cobrando por ela e reinvestindo estrategicamenteOu seja, em vez de exportar energia a preços baixos ou deixá-la sem uso, está transformando-a em capital para eletrificar milhões.

Um modelo replicável para países com excedente de energia

O caso etíope levanta uma questão fundamental para outros países com recursos energéticos abundantes, mas com capacidade de distribuição limitada: A mineração de Bitcoin pode se tornar uma ferramenta para o desenvolvimento econômico e infraestrutura crítica? A experiência da Ethiopian Electric Power sugere que sim, desde que uma estrutura regulatória clara seja estabelecida e o reinvestimento local seja priorizado.

Outros países, incluindo o Paraguai, exploraram modelos semelhantes, mas a Etiópia se destaca por sua abordagem institucional e pela escala de seu impacto. A participação de empresas estrangeiras facilitou a transferência de tecnologia, a formação de talentos locais e a modernização das redes elétricas. Além disso, o uso de energia renovável — mais de 90% proveniente de fontes hidrelétricas — fortalece a sustentabilidade do modelo.

Portanto, em um mundo onde a demanda por energia está crescendo e a pressão pela descarbonização se intensifica, modelos como o da Etiópia oferecem uma alternativa pragmática. A mineração de Bitcoin, longe de ser uma atividade especulativa, pode se tornar um instrumento de política pública, desenvolvimento rural e modernização tecnológica. A Etiópia está demonstrando isso, e outros países já estão percebendo.

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