A senadora pró-cripto Cynthia Lummis pede ao Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos que proíba o uso do yuan digital por atletas que visitam a China durante as Olimpíadas de Pequim em 2022. 

o senador Cynthia lummis, conhecido na indústria de criptografia como um defensor de Bitcoin e criptomoedas, enviou um papel ao presidente do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos, Susana Lyons, expressando preocupação com os planos da China de lançar oficialmente sua moeda digital do banco central (CBDC), conhecido como DCEP ou yuan digital, durante os Jogos Olímpicos de Pequim 2022. 

Lummis descreveu que esta moeda digital é uma ferramenta do governo chinês, controlada inteiramente pelo seu Banco Central (PboC), para promover a vigilância das transações que ocorrem dentro do sistema financeiro do país. Lummis, portanto, insta o Comitê a proibir os atletas americanos de receber ou usar moeda digital chinesa. 

“Especificamente, instamos o Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos (USOPC) a proibir os atletas americanos de receber ou usar yuan digital durante os Jogos Olímpicos de Pequim.”

A nação asiática vem desenvolvendo sua moeda digital CBDC há cerca de 7 anos, mas só agora, a menos de um ano do lançamento, é que ela revela características-chave de sua operação, como o fato de suas transações serem totalmente controladas pelo PboC e que podem ser rastreados e localizados pela mesma entidade, citou Lummis. 

A carta enviada a Lyons também foi assinada pelos senadores Marsha Blackburn e Roger Wicker. 

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China, o yuan digital e a privacidade

O senador pró-cripto indicou que os temores da vigilância das transações financeiras pela China não são infundados. O país pretende monitorizar os seus cidadãos e estrangeiros que visitam o país durante os Jogos Olímpicos numa escala sem precedentes, pelo que a utilização do yuan digital e a sua integração na economia terão muitas implicações para a privacidade dos utilizadores. 

Lummis indicou que os atletas americanos devem estar cientes dos verdadeiros objetivos que a China procura com o lançamento desta moeda digital e evitar a sua utilização. 

Vigilância e privacidade

Segundo a carta, o Partido Comunista Chinês utiliza novas tecnologias para recolher dados e informações dos cidadãos e depois aplica essas informações para “vigiar, ameaçar e deter cidadãos”, violando os seus direitos à liberdade de expressão. A carta cita como exemplo o WeChat, um aplicativo multifuncional de origem chinesa que oferece serviços de mensagens, chamadas e redes sociais, bem como um sistema de pagamento online, entre outras coisas. 

Vale lembrar que os Estados Unidos proibiram o uso do WeChat e do TikTok em setembro do ano passado, alegando motivos de segurança nacional. Naquela altura, o ex-presidente Donald Trump afirmou que a China monitorizava os cidadãos americanos através destas aplicações, razão pela qual deveriam ser encerradas no país. No entanto, a nova administração do país, liderada pelo atual presidente Joe Biden, indicou que o download e a utilização destas aplicações não serão proibidos no país; No entanto, os Estados Unidos devem monitorizar a gestão dos dados dos utilizadores americanos que utilizam tais aplicações e garantir que esses dados não são enviados ao governo chinês para evitar riscos de segurança e privacidade. 

Em relação ao yuan digital, Lummis solicitou uma reunião com a Comissão de Comércio, Ciência e Transporte do Senado para o próximo mês.

Impulso e difusão do yuan digital

Nos últimos meses, a China tem impulsionado massivamente a utilização da sua moeda digital. O banco central realizou diversas loterias nas cidades mais importantes e populosas do país para distribuir yuans digitais gratuitos, que os cidadãos podem usar para comprar bens e produtos em lojas autorizadas. 

De acordo com o último relatório do PboC, até junho, 34.500 bilhões de yuans, quase US$ 5.000 bilhões, foram processados ​​através do yuan digital. Da mesma forma, o banco informou que havia mais de 21 milhões de carteiras pessoais e quase 3,5 milhões de carteiras digitais empresariais usando o DCEP. 

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