O Banco do Canadá, entidade bancária central do país, confirmou que seu CBDC para o dólar canadense já passou da fase de testes, além de revelar que está trabalhando com parceiros do G7 para avançar neste importante desenvolvimento.
A febre pelas moedas digitais do banco central (CBDC) chegou a muitos países em todo o mundo, incluindo o Canadá, que no passado negou o seu interesse nestas moedas, embora na realidade estivesse a entrar na corrida para emitir a sua própria moeda digital, como forma de manter e proteger a sua soberania monetária. Isto foi confirmado pelo governador do Banco do Canadá (BoC), Tiff Macklem, que durante um Entrevista com a Reuters afirmou que a entidade está trabalhando com os estados membros do Grupo dos Sete (G7), para avançar em seus planos de criação e emissão de uma moeda digital do banco central (CBDC).
De acordo com as declarações de Macklem, o banco central passará da prova de conceitos para a concepção e execução de planos mais abrangentes para o desenvolvimento da moeda digital para o dólar canadense, embora ao mesmo tempo tenha afirmado que não vê necessidade de emitir um dólar digital no país neste momento. Macklem destacou que se outros países emitirem a sua própria moeda digital e o Canadá não, poderão enfrentar vários problemas relacionados com a introdução de moedas estrangeiras que afectam a sua soberania monetária, pelo que afirma que a entidade estará preparada para estes eventos.
“Se outro país tiver um e nós não, isso certamente poderá criar alguns problemas. Então, queremos ter certeza de que estamos prontos.”
Até agora, o único país que lançou uma moeda digital CBDC real são as Bahamas. Este meio informou que o “dólar de areia” do CBDC se tornou uma realidade, no dia 20 de outubro, para os seus 339 mil habitantes, que agora poderão fazer uso real desta moeda intimamente integrada aos serviços do país.
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Para as expectativas do BoC
A abordagem do Banco do Canadá parece ter mudado nos últimos meses, desde que o governador da entidade indicou em abril que não incentivaria a criação e o desenvolvimento de uma moeda digital. No entanto, durante a recente entrevista, Macklem alertou que as moedas digitais atravessam fronteiras, pelo que podem certamente representar um risco para a economia do país. Em suas declarações, o executivo ressalta que não quer ser surpreendido por nenhuma outra inovação desenhada por outro país, por isso está apostando na criação de seu próprio CBDC para se preparar.
“As moedas atravessam fronteiras, por isso certamente não gostaríamos de ser surpreendidos por outro país.”
Da mesma forma, Macklem destacou que a articulação da entidade com outras organizações também é um fator importante para avançar no caminho certo. O Banco do Canadá está a trabalhar em conjunto com o G7 para definir os fundamentos e princípios básicos para a emissão destes ativos digitais.
Envolvimento do G7 em moedas CBDC
Na sua denunciar, onde participam o Banco do Canadá, o Banco Central Europeu, o Banco do Japão, o Sveriges Riksbank, o Banco Nacional Suíço, o Banco da Inglaterra, o Conselho de Governadores da Reserva Federal e o Banco de Compensações Internacionais, o G7 observa que As entidades centrais devem estudar e analisar os prós e os contras de oferecer uma moeda digital ao seu público, para estarem na vanguarda dos desenvolvimentos e inovações atuais.
As organizações que compõem este grupo bancário e financeiro estão a estabelecer os critérios fundamentais para qualquer jurisdição que pretenda inovar neste espaço, com o objetivo de garantir que futuras emissões de moedas digitais não ameacem a estabilidade financeira de outras nações, nem comprometam a sua soberania monetária.
O G7 afirma que as moedas digitais CDBC podem coexistir no mundo e complementar as formas de moeda fiduciária que existem em diferentes nações, desde que determinados critérios básicos sejam cumpridos e respeitados. Por outro lado, a organização afirma que as entidades centrais devem permanecer na vanguarda do desenvolvimento e inovação tecnológica atuais e futuras, e que as moedas digitais podem constituir um fator essencial que as ajuda a cumprir os seus objetivos de política pública.
Avanços dos CBDCs no mundo
Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos são os estados membros que compõem o Grupo dos Sete (G7), e alguns deles já fizeram progressos consideráveis no desenvolvimento de um CBDC. Por exemplo, o Banco de França incorporou recentemente a Consensys no seu projecto para o euro digital, alegando que esta empresa possui a experiência e a tecnologia necessárias para o desenvolvimento deste CBDC.
Os Estados Unidos, por sua vez, embora não tenham confirmado a emissão de um dólar digital, estão a realizar estudos sobre esta moeda. Recentemente este meio informou que Lael Brainard, governador do Conselho do FED, confirmou que estava realizando estudos aprofundados da tecnologia blockchain, como base para analisar a possível criação de uma hipotética moeda digital (CBDC) para o dólar.
Por outro lado, países fora do G7, como China, Japão e Coreia do Sul, também apresentam avanços significativos no desenvolvimento destas moedas, sendo a China a nação mais avançada e mais próxima de emitir o seu DCEP ou yuan digital.
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