Mais de 50% da população de El Salvador afirma não concordar com a Lei Bitcoin, 49% afirma não ter conhecimento sobre a criptomoeda e a Moody's deu ao país uma pontuação negativa pela sua “deterioração” política.
El Salvador é o primeiro país do mundo a dar um salto gigante em direção à adoção do Bitcoin. O presidente da nação, Nayik Bukele, informou no início de junho que a Assembleia Legislativa de El Salvador deu luz verde à Lei Bitcoin, que entrará em vigor no dia 7 de setembro. Esta lei, que dá curso legal ao Bitcoin em El Salvador, causou grande frenesi na comunidade criptográfica, embora não tanto entre os cidadãos do país.
Vários relatórios mostram que grande parte da população de El Salvador nem sabe o que Bitcoin (BTC); ainda mais a sua origem, o seu funcionamento e os seus grandes benefícios económicos. A ignorância sobre o criptomoeda levou uma grande porcentagem da população a indicar que não quer o bitcoin em seu sistema financeiro e a garantir que a Lei de Bukele, que impõe o uso do bitcoin de forma “obrigatória”, viola a constituição.
Por outro lado, a futura implementação desta lei no país aumentou as tensões com a principal potência mundial, os Estados Unidos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a adoção legal da criptomoeda poderia trazer problemas jurídicos e econômicos para a nação e também dificultar os acordos econômicos entre o país latino e a organização que dirige o sistema monetário internacional.
No entanto, apesar da pressão, Bukele continua a confiar no Bitcoin como o “dinheiro do futuro”, o que permitirá que 70% da população do país tenha acesso eficiente aos serviços financeiros. Vale lembrar que El Salvador é uma das nações da América com os níveis mais baixos de atividade bancária, com apenas 30% da sua população adulta tendo acesso ao sistema bancário tradicional, segundo dados do Índice Global do Banco Mundial.
Você pode estar interessado: El Salvador encontra resistência à Lei Bitcoin, mas Bukele confia no “novo dinheiro do século 21”
Bitcoin e o sistema econômico de El Salvador
Através do Bitcoin, Bukele busca transformar a realidade financeira dos cidadãos, atraindo investimentos para o país, aumentando a atividade econômica, promovendo a mineração de bitcoin com energia sustentável de vulcões e criando novos empregos para a população em geral.
Embora o presidente de El Salvador tenha manifestado as suas melhores intenções para estimular a economia nacional, e tenha esclarecido muitas dúvidas quanto à implementação da Lei Bitcoin, uma parte da população continua relutante em aceitar a criptomoeda como moeda legal.
Resistência à Lei Bitcoin
O canal de televisão TeleSur relatado Recentemente, os salvadorenhos convocaram uma greve nacional em 30 de julho como sinal de sua oposição à Lei Bitcoin, entre outras coisas.
Da mesma forma, uma pesquisa aplicada no início de julho pela unidade de análise Perturbador, pertencente ao Universidade Francisco Gavidia de El Salvador, aponta que 53,5% dos salvadorenhos não consideram correta a decisão de Bukele de implementar uma lei para adotar oficialmente a criptomoeda, enquanto apenas 19,4% dos cidadãos concordam com a decisão. Nesta pesquisa, 46% da população afirmou não ter nenhum conhecimento sobre Bitcoin, o que aumenta a preocupação com os riscos associados ao uso e implementação desta criptomoeda, como a volatilidade.
A oposição à Lei Bitcoin levou a Moody's Investors Service, a agência de análise conhecida simplesmente como Moody's, a qualificar para El Salvador com uma pontuação negativa, argumentando “deterioração” na qualidade da sua política.
Era do dinheiro digital
A declaração do Bitcoin como moeda legal em El Salvador é uma experiência ousada e não recomendada para alguns economistas. No entanto, a popularidade e o boom que o bitcoin e o mercado criptográfico tiveram nos últimos anos têm vindo a crescer de forma bastante significativa, transformando a criptomoeda no novo dinheiro da Internet.
Para garantir a adoção responsável, Bukele disse que os cidadãos poderão trocar imediatamente os bitcoins recebidos por dólares americanos; para que possam garantir seu valor e reduzir o risco de volatilidade, causada pelas oscilações dos preços do bitcoin no mercado. Além disso, o presidente está promovendo o crescimento da infraestrutura financeira e digital para garantir à população o acesso à criptomoeda em qualquer lugar.
O presidente de El Salvador está a criar uma nova carteira digital, chamada Chivo, a partir da qual os cidadãos poderão receber, enviar, gerir e armazenar bitcoins mesmo que não tenham ligação à Internet ou dados móveis. Da mesma forma, Bukele está assinando um acordo com a Athena Bitcoin para instalar cerca de 1.500 caixas eletrônicos bitcoin em todo o país, para que os cidadãos tenham fácil acesso à criptomoeda.
A exploração da mineração de bitcoin com energia geotérmica também é um projeto em desenvolvimento para incentivar investimentos, atrair capital e gerar novos empregos locais.
El Zonte, pioneiro em Bitcoin
Até agora, El Zonte é a população de El Salvador pioneira no uso da criptomoeda, já aceitando bitcoins como meio de pagamento há alguns anos. Na verdade, Bukele mencionou esta cidade várias vezes como sua “inspiração” para criar a Lei Bitcoin. A comunidade El Zonte afirma que encontrou no Bitcoin uma oportunidade de valor acessível a todos.
O desenvolvimento da indústria de criptomoedas começa a transformar os sistemas financeiros através dos seus múltiplos benefícios, permitindo transações mais rápidas e baratas, proporcionando mais transparência nas operações, promovendo maior inclusão financeira e aumentando os fluxos comerciais, por exemplo, citar alguns benefícios.
Continue lendo: Chivo, a carteira Bitcoin de El Salvador que doará US$ 30 para cada usuário